DIA DA BAIXADA I
SOU JACUTINGA
Aqui
os rios se entrelaçam
em desenhos
de uma geometria
de vida e de história
E ainda hoje
se desdobram as lutas
e os gemidos jacutingas
donos desta terra
toda cheirosa
dos temperos
de meus ancestrais de África
Do sangue escorrido
Dos jacutingas exterminados
Surge uma terra fértil
A germinar laranjais
E um povo forte e criativo
Com a força do coração
pés e mãosDe meus ancestrais
Aqui
os rios se entrelaçam
em desenhos
de uma geometria
de vida e de história
E ainda hoje
se desdobram as lutas
e os gemidos jacutingas
donos desta terra
toda cheirosa
dos temperos
de meus ancestrais de África
Do sangue escorrido
Dos jacutingas exterminados
Surge uma terra fértil
A germinar laranjais
E um povo forte e criativo
Com a força do coração
pés e mãosDe meus ancestrais
DIA DA BAIXADA II
CANÇÃO FLUMINENSE
Aqui, entre os rios
Bem cedo
Antes de você acordar
Sem medo
Eu posso flutuar
No verde que é um mar
Serra de Madureira, Xerém
Jaceruba, Tinguá
Mais tarde
Quando já é hora
De regar as plantas
Existe um agora
Quase tão lindo
Quanto teu olhar
E o sol se recolhe
Entre o verde que se vai
Vespertino
E dá lugar a vários tons de azul
Do claro céu ao escuro marinho
Que encerra em véu
Mata Atlântica, Pau Brasil, Verde Brasil
Os rios que brotam do chão
E lavam a Terra ancestral
Dos Jacutingas
São como as lágrimas
Que lavaram a alma
E batizaram este lugar
Carioca, Jacutinga
Tupinambá, Tupiniquim
Ondas azuis e ventos rápidos
De intenções conquistadoras
Trouxeram suas velas
Acesas e infladas
E a intenção da tua intifada
Sua chegada
Foi canção, fado de conquista
Rasgou a alma, rompeu a calma
Natural do meu mundo
Sua vela em cruz
Queimou até a última conseqüência
Com seu arcabuz
Minha Mata Atlântica
E o meu povo ajoelhado
Sob o poder da Cruz de Malta
Cantou de bom grado
Colheu de boa intenção
O que era nosso de direito
E deu na tua mão
Aqui jaz:
Serra de Madureira, Xerém
Jaceruba, Tingua
Mata Atlântica, Pau Brasil
Carioca, Jacutinga
Tupinambá, Tupiniquim
DIA DA BAIXADA III
SALVA A DOR
São Jorge
Meu Ogun
Tu não pode ser mais
De um
Posto que és mil
Vontades, necessidades e pedidos
E os mitos que lhe vão
Nas costas
Em sua bela e poderosa
Capa
Transformam sua guerra
Em muito mais que fé e orgulho
Transformam sua proteção
Em muito mais
Que esperança
Tu és mais que o bem e o mal
E está aqui tua espada
Sobre minha cabeça
Que sofre de dor...
Salva...
Salva a dor
Dos irmão da minha
Baixada Fluminense