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O MEU POEMA É O QUE ESCREVO EM MIM
Me chamam
Poeta Bomba
de papel
na tentativa
de esvaziar minha
letra
ha!ha!ha!ha!ha!ha!
Querem imprimir
em mim
sua poesia vaga
Escrever em mim
seus próprios poemas
cegos
ah!ah!ah!ah!ah!ah!
Que procurem muros
para pichar seus borrões
Que achem suas próprias
paredes, papéis e cadernos
para deitar
seus escritos de bombom
ah!ah!ah!ah!ah!ah!ah!ah!
Não esperem nada
de mim
se não
minha própria
poesia
Em mim se escreve
o meu, o meu e o meu
ébrio poema
ROSEBUD...ROSEBUD...ROSEBUD...ROSEBUD..ROSEBUD
Por todo o tempo vivido em trabalhos mal remunerados
Rosebud
Por todo o tempo de trabalho que me tornou um soldado
Um mal soldado, um mal estar ambulante...Um desesperado e bem pago soldado
Rosebud
Por toda tristeza que é ser só...Diante, entre, abraçado e aos risos com a multidão
Rosebud
Pelo fato de não ter conseguido até então entender os meandros, artifícios, desencontros, malefícios,
Malefícios,...
Desencantos em desencontros
E a sordidez
Do viver: Rosebud
Rosebud
Rosebud
Rosebud
Seja lá o que isso significa
Rosebud
O caralho
O caralho a quatro
Rosebud
Por toda a tristeza e solidão do agora
Por todo o esquecimento do querer
Por tudo o que é ser
Por todo Hammelet que existe em mim
Por mim e ainda pelo sim
Talvez ainda pelo não
Pela falta de perdão
Por querer sempre a tua mão
Rosebud
Rosebud
Rosebud
Rosebud
...Rosebud
seja lá o que isso quer dizer
Uma peça entre o ser e o não ser
Quem sabe o ouro atrás de mesquinharias do não ser
O elo perdido entre o ser e o querer
A lágrima escondida e guardada em cheiros no travesseiro
O grito escondido por detrás dos cantos durante o banho
No banheiro
Ou um grito calado que infla o peito
Rosebud
Rosebud
Uma palavra qualquer ou qualquer jeito
De fazer abrir o peito
E em muitas palavras arquitetar um jeito
De chamar atenção
De se dizer poeta
Puto
Solitário
Profeta
Fazedor de poemas
Quem sabe escrevedor de texto que nem vale a pena ler
Um Sylvio Neto qualquer
Quase todo por assim dizer
Ser
De nervuras reais
Visceral , inquieto
Arquiteto e criador até onde sabe ser
Rosebud
Toque para mim
Meu esquema
Dilata
E Dias de Janeiro
Deixe que fique tocando o dia inteiro
O dia inteiro para minha alma
O dia inteiro para minha calma
E me deixe assim...A sonhar com os Bancos de Cor Laranja
Rosebud
Maldito salário de merda que não tenho
Impiedoso emprego pelo qual na busca me empenho
Inefável é a ardência de produzir poemas
Tal qual é o vigoroso embuste de meus dias em sarais
Calor de meus ais...paixão de meu dias
Ah ah ah ah!!!!!!!!!!
Bem que podiam me sustentar
Rosebud
SOU JACUTINGA
Aqui
os rios se entrelaçam
em desenhos
de uma geometria
de vida e de história
E ainda hoje
se desdobram as lutas
e os gemidos jacutingas
donos desta terra
toda cheirosa
dos temperos
de meus ancestrais de África
Do sangue escorrido
Dos jacutingas exterminados
Surge uma terra fértil
A germinar laranjais
E um povo forte e criativo
Com a força do coração
pés e mãos
De meus ancestrais
ENCANTOS DE MEUS CANTOS
Não, não, não
Pense assim
Pois as palavras ditas
Nada escondem
De mim
É verdade
Que contêm laços
E fitas
Mas eu sou mesmo assim
Mesmo quando não há
Palavras a serem ditas
Pois meu peito
É fonte de encantos
E mesmo enquanto canto
Ou danço
M e encontro
E mesmo quando
Em silencio respiro
Ainda há canto
Pois que a vida
está em mim
Há mesmo verdade
Em meus encantos
EM POSTAS À MESA
Sentidos expostos no vazio
Esforços perdidos no chão
Encontros forjados no não
O eu em postas à mesa
Nos acordes cortados a fio
Só mais um dia
Eu imploro
Só mais um coro
Afinado
Meu novo dia não pari o pão
Minhas correntes não desfazem
A solidão
Minhas palavras são clips baratos
E o meu bafo é só mais um blefe
Só mais um dia
Eu imploro
Só mais um coro
Afinado
Sylvio neto
CHORANDO TEUS OLHOS
Com uma navalha
Em uma das mãos
Falta de razão na outra
E Talião no coração
Rasguei teus olhos
E arranquei-o de teu rosto
Teus olhos choraram em minhas mãos
Hoje meus olhos choram teus olhos
Vejo teus olhos nos dias longos
Vejo teus olhos quando a noite
Engole o dia
Vejo teus olhos
Vejo teus olhos
Vejo teus olhos que me cegaram
Em plena luz do dia
Vejo teus olhos
Que me pregaram na cruz
Vejo teus olhos de mentira
Vejo teus olhos de ira
E ainda vejo tua cabeleira
De ouro
E o corpo e alma
Que foram fumaça em meus olhos
CANTLENA
Faze-me entender
muito e mais e além da rima
E ainda da metáfora
Faze-me superar
muito mais que o léxico
tomam-me pelo plexo
alma
sina
Torne-me homem
ensina...
explica...
Quero poder beber a vida
de corpo inteiro
E num respirar mais profundo
inspirar o transpirar do mundo
E em sendo profícuo
tornar menos oblíquo
os movimentos
de cabeça, tronco e membros
Menos raros os olhares
Criar gostos
sem avatares
CANTAR OLHAR
Andando a rua
Em pêlo de noite envolvido
Lua...a banhar
Cantor apaixonado
Poeta de versos
Coração alado
Sem eira e beira
Colecionador de letras
Palavras em feira
Em andar...andar e andar
A olhar sem medo
Em destino a paixão
Poeta menor
De letras grandes
em poesia amor
CANÇÃO FLUMINENSE
Aqui, entre os rios
Bem cedo
Antes de você acordar
Sem medo
Eu posso flutuar
No verde que é um mar
Serra de Madureira, Xerém
Jaceruba, Tinguá
Mais tarde
Quando já é hora
De regar as plantas
Existe um agora
Quase tão lindo
Quanto teu olhar
E o sol se recolhe
Entre o verde que se vai
Vespertino
E dá lugar a vários tons de azul
Do claro céu ao escuro marinho
Que encerra em véu
Mata Atlântica, Pau Brasil, Verde Brasil
Os rios que brotam do chão
E lavam a Terra ancestral
Dos Jacutingas
São como as lágrimas
Que lavaram a alma
E batizaram este lugar
Carioca, Jacutinga
Tupinambá, Tupiniquim
Ondas azuis e ventos rápidos
De intenções conquistadoras
Trouxeram suas velas
Acesas e infladas
E a intenção da tua intifada
Sua chegada
Foi canção, fado de conquista
Rasgou a alma, rompeu a calma
Natural do meu mundo
Sua vela em cruz
Queimou até a última conseqüência
Com seu arcabuz
Minha Mata Atlântica
E o meu povo ajoelhado
Sob o poder da Cruz de Malta
Cantou de bom grado
Colheu de boa intenção
O que era nosso de direito
E deu na tua mão
Aqui jaz:
Serra de Madureira, Xerém
Jaceruba, Tingua
Mata Atlântica, Pau Brasil
Carioca, Jacutinga
Tupinambá, Tupiniquim
Ápice
Abala o coração
Do poeta
A bala
Que fere
E para
Na cabeça bombom
A bala que fere
O poeta
Mata e mata
Sem por que
Ah bala
Doce de criança
Alegria e poesia
Abala
pai, mãe
E a sociedade inteira
Abala o poeta
Bomba de Hebron
Que perde assim
Sua bela fala
Sua musa doce
Bom bom
E hoje rala
Sua fala
Na escrita
poesia
que desmascara
o ápice da ineficácia
ALGUEM ESPECIAL
Posso voar por toda a cidade
Não sei se por causa da idade
Não sei se por conta da fé
Que de quando em vez invade
Minha cabeça de pé no chão
Pura sorte ser alguém especial
E poder usar os bancos de cor laranja
Deste encouraçado genial
Toda a minha sordidez material
Todo folhetim de aluvião
São cortes profundos na ponta da mão
Nas vias aéreas e em toda malha
arterial
Pura sorte ser alguém especial
E poder usar os bancos de cor laranja
Deste laminado espacial
Sou um poeta a cantar
Que de quando em vez insiste
Em ver o mundo de pernas pro ar
Declarando poemas de dedo em riste
Pura sorte ser alguém especial
E poder usar os bancos de cor laranja
Deste encouraçado genial
E a história me toma como memória
Imaterial incrustada em propaganda
A sobreviver ao vírus do Ipiranga
Pura sorte ser alguém especial
E poder usar os bancos de cor laranja
Deste encouraçado genial
A PANELA E A TAMPA
Ou Quando o Amor Desfeito Não Mais Basta Enquanto Memória Olho Furado Que É...
Toda panela tem sua tampa
Não há pés descalços
Que um chinelo não calce
E para executar um plano
Basta a rampa
Quantas vezes foi
Que olhei pro lado e não vi?
Quantas vezez foi que orei
E não ri?
Nem sexta e nem segunda-feira
São vários olhos pra comer
Só uma folha pra escrever
A vida se esvai se marcar bobeira
Quantas vezes foi
Que olhei pro lado e não vi?
Quantas vezex foi que orei
E não ri?
Dos compassos e descompassos
Dos abraços e olhares de amor
Que são apenas traços do que sobrou
Do sol, da chuva e do calor de flor
Daquela que foi meu torpor
E febre de dias intensos
De pensamentos em laços