Tenho as vísceras expostas
E os olhos esbugalhados
Da áspera fé em tantas apostas
Que me dilaceraram em postas
Cá estou servido a mesa
Com a alma inteira presa
E os sonhos todos derramados
A manchar tão nobre madeira
Não há canto que eu não tenha
Procurado em vã e insólita agonia
Pelos acordes da canção de meus dias
Não há buracos que tenham ficado sem o eco
De meus gritos desesperados
A bradar pela louca chama dos meus anos
E agora olhar assim, tão acanhado
Pra teus olhos, cândidas contas
É poder dizer de frente, lacerado
O quanto me encanta teu riso e movimento
De teus cabelos ao vento avoados
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