Uma Mostra de Que è Possível Ainda Modificar O Cenário E Que Quem Fala Demais Deve Tomar Cuidado Com Uma Demissão Sumária
A arrogância daqueles que se vêem donos de talentos é mesmo algo de grandioso. A arrogância e introspecção em um universo próprio é o que de mais comum podemos encontrar a nível de comportamento e nas relações interpessoais com aqueles que se sentem
Muito talentosos.
Além de serem realmente grandes, e de produzirem, ações realmente diferenciadas da maioria dos mortais, alguns artistas sentem-se mesmo grandes..Na maior parte das vezes maiores do que realmente são.
Quando estes, passaram por processos complicados de aceitação familiar, social e principalmente dentro do seleto e restrito universo das estrelas, acometem-se do grande mal do isolamento e do egoísmo, negando a presença, a imagem, o gentil relacionamento e o reconhecimento do berço e da cena que os levou aos palcos de luz.
Quando ainda, percebem que a gestão política da cultura na Cidade onde nasceram, foram criados e viveram é inexistente e a toda prova conduzida por inexperientes e ou aproveitadores agentes da gestão publica, passam a renegar o lugar onde ainda vivem e penam seus amigos, parentes, pares ...Tal como se estes fossem os reais culpados...Introjetam-se na possibilidade financeira bancada pelo sucesso que lhes bate a porta – e existem vários níveis de sucesso e de ganhos por este escalonamento – e mudam-se de Cidade, vão para longe de suas raízes.
Falando que lá...ou cá...onde estão fincadas as suas raízes não existe nada, nem ninguém...Renegam a cena, a região e a solidariedade possível dando de costas ainda negando a possibilidade de dar visibilidade a cena existente...Aos amigos, pares, parceiros que ainda nadam contra a maré...
Baseiam-se e balizam-se no “ Eu Sou”
Berço de arte e cultura (embora mal gestados), Belford Roxo, do Cidade Negra, de Laurinho do Rappa, de Cezar Bellyenni do Eletro Samba, baixista da extinta Nocaute, banda revelação indicada ao Grammy Latino, da extinta Negril, história do momento e movimento da cena reggae de Belford Roxo e up grade do Desaguada e Kmd5, do extinto ou adormecido Cabeça de Nego, das antológicas Preto Tu, Postura Africana, Soul do Beco, Baixafrica, Suburbanda, (que ainda resiste com o nome nas ações e canções do Neco Chalalakaia), ainda resiste no talento solo de Dida Nascimento (fundador do Kmd5), Na reinvestida de Da Gama, que saído do Cidade Negra, lança seu primeiro prelo do Projeto Solo Violas e Canções, na atitude, talento e garra da rapaziada do Falange Keniata, Babilaque (de Jorge, Emmerson e Reinaldo Kalunga) e em diversas outras bandas que por hora me fogem a memória.
Com a dissolução da formação pós original do Cidade Negra (saída de Tony Garrido e do da Gama), observamos um lapso de sua presença na tv e nos rádios, que é algo comum para quem prepara novo trabalho com nova formação. Mas, ainda assim, Belford Roxo,não encontra-se mal representado no que tange a talento musical e ainda movimentos de recuperação de cenários de arte e cultura. Iniciativas particulares dão um certo caminho, um certo vigor, um certo punch.
Aos que se acham já famosos, por serem empregados, de bandas de sucesso da Zona Sul, com um cast de shows mensais que lhes propicia grande visibilidade junto a mídia e ainda saldos em conta bancária jamais vistos por eles, seguem exemplos de vida que deveriam ser o suficiente para acordá-los e/ou tirá-los do transe bobo, efêmero, momentâneo a que vivem, posto que, sendo operários da música que é composta , criada e gestada por outros...Suas presenças pseudo-famosas são absolutamente descartaveis e nem há ainda registro fonográfico marcando suas presenças em tais bandas de baile do cenário artístico carioca/zona sul.
Em contra partida, bem aqui, calmo e talentoso o camarada João Mathias, ex Desaguada, ex 5 Kilates, ex Maria Preta e ex dorminhoco de plantão...Acorda da sonolência que devia ser mesmo um estado catártico de hojeriza a tantas bobices que em seus vários anos de lida com a diversidade musical local, da Metrópole e ainda de São Paulo (na verdade viajou grande parte do Brasil), lidou...E ainda com a sua fomentação de espaço para ensaio em seu estúdio, pela iniciativa do Ensaio de Rua e agora mais recentemente do Espaço No Gueto.
João Mathias, não fala mal de ninguém...Apenas ri quando a gente cutuca e repercute os comentários que nos chegam dos “neo famosos, ex moradores e amigos, artistas de plástico, operários de carteira assinada da panela da musica da Zona Sul” ... João Mathias, segue conselhos musicas de Martinho da Vila, pois, “é devagar... é devagar...é devagar...é devagar... devagarinho”, que anda, rí, fala e vive...Mas na última oportunidade que tive de conversar com Lauro Farias ( O Rappa), foi ao lado de João Mathias, que trama com ele trabalhos de produção.
Na última edição do Sarau Poesia Na Câmara (parte do Projeto Sarais e dirigido e coordenado por Sylvio Neto), em 17 de junho, João Mathias, mobilizou uma produção de dar inveja, para dar curso a gravação em dvd de seu mais recente trabalho, Seu Mathias e Panela Zen . Sensacional o que João Mostrou e sensacional o que João propõem como musica....Não há nada igual sendo feito por estes ares e penso ser a reunião de toda experiência devotada ao longo dos anos á música (também é claro que por ser zen é resultado de muitos sonhos oriundo de seu eterno sono).
Eu que acompanho a cena de musica de Belford roxo bem de perto, não vi nada mais interessante nos últimos 3 anos. Dida Nascimento, a meu lado assistindo ao show, mostrou-se impressionado e revelou-me estar muito satisfeito com o sm de Seu Mathias.
A satisfação deste novo processo, deste novo encantamento é prova de que aqui: “Tem coisas”, sim, coisas a serem feitas, repercutidas, espargidas, explanadas...Aqui existem pessoas ainda, famílias bacanas ainda, seres humanos criativos ainda...Aqui existe arte ainda...Que dão mostra do que somos capazes.
Destaco, ainda, a ação potente de uma galerinha que não chega a ter 20 anos cada um. Iniciaram a dois anos atrás um movimento de música em praça pública que acabou sendo além de um alento para a juventude local, que vive sem opção de diversão, arte e cultura, virou também caso de polícia e de violência, não por eles, mas devido a falta de aparelhos culturais, que venham a permitir a expressão artística, a presença de jovens passou a ser maciça - inclusive com jovens vindo de outras Cidades vizinhas - grande e descontrolada, pois o movimento, reunia uma centena de jovens que sem controle bebiam e faziam muito barulho – para os sensíveis ouvidos de parte da população local – e dahí...Bem....
Mas, após este fato, resistiram e deram continuidade a esta vibe no espaço contíguo ao estúdio do João Mathias, ou melhor Seu Mathias, chamado Espaço No Gueto...Eu trato aqui dos talentoso “Caramujos” , que fazem um rock bem honesto, um trabalho autoral com arranjos e letras próprias e que se travestem de Panela Zen para acompanhar Seu Mathias...
A união não poderia ser mais estilosa do que realmente se mostra e por vários motivos que vão da cena criada e mantida até possibilidade de troca no encontro do jurássico João Mathias, com toda a sua experiência de palco e produção com o vigor daqueles que nem devem pensar em dormir...Diante de tanta febre de fazer som.
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