AS FLORES DE
PLÁSTICO NÃO MORREM
Ah! querida minha, amor meu - vida de minha vida amada de
meu viver...Ah! quanto e quanto e quanto queria, beijar teus lábios em abraço
terno e apertado após louvar-te com flores, mas, amada, infelizmente ,segue
esta destruição que avança arruinando toda a vida e beleza de nossa Terra...
Não há mais flores no mundo e sequer há o que comer...Não
mais se encontra o verde e o azul no horizonte...Segue tudo em tons e cores de
fogo, fumaça, poeira e cinza...
Minha força vem de meu amor por você...E há dias que não
encontro nada para comer.
Segui teimosamente, da maneira que pude - e bem sabes, que
já não ando bem das pernas, desde que, a praga começou a comê-la, desde os artelhos até o tornozelo - até aquela casa bonita e triste, que fica naquele
bairro chique, que nós costumávamos passear – enamorados...Aquela que tinha um
grande e colorido jardim de flores mortas feitas de material plástico reciclado
– aquele jardim por quem tu tanto chorava...triste com a sua representação
inanimada...
Foi lá, querida minha, amor meu – vida de minha vida amada
de meu viver – que colhi estas flores, pois apenas lá consegui o que já não
mais existe – estavam entre os escombros do que já foi belo e admirado – o
engraçado é, que as pedras são imortais mas as obras que elas compõe e
constrói, não resistem em beleza, forma e harmonia – ao fim do mundo.
Ah! querida minha, amor meu - vida de minha vida amada de
meu viver...Rastejando, chegarei até onde estás a repousar – tua última morada
- teu túmulo onde haverei de depositar estas flores, que colhi e de descansar a
teu lado – As flores de plástico não morrem...