quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

FORÇA POETA


Há uma cena muito marcante no filme, A Casa dos Espíritos (The House Of The Spirits), quando Clara (que já havia falecido e tinha quando em vida poderes paranormais) aparece para Blanca, sua filha, que encontrava-se presa, jogada, torturada e desfalecida em uma cela fria e horrorosa, desejando a morte...
...Clara a coloca no colo e fazendo-lhe cafuné diz: “ Não deves desejar a morte, pois que esta é certa, a vida sim deve ser desejada e por ela devemos lutar, pois ela é um milagre”

Temos visto cenas fortíssimas de vítimas fatais, dentre elas muitas crianças, por conta do recente embate entre as forças do Hamas e o exército israelense na Faixa de Gaza.

Temos visto cenas de filme de terror no embate da segurança publica do Rio de Janeiro contra o tráfico de drogas e ainda contra quadrilhas do crime organizado, inclusive, milicianos.

As cenas da violência da natureza contra o processo de urbanização proposto e efetivado no sul do país são até hoje lembradas e chocantes, provocando uma comoção e solidariedade nacional.

“...É sangue mesmo...Não é metiolate...” – parte de uma música da banda Legião Urbana tentar dar o tom de uma máxima que incorre na sociedade mundial...Não se enxerga mais a vida como um milagre, não se valoriza mais a vida e banaliza-se a morte...é comum...É tão inexorável quanto o tempo...

Uma vida não tem preço...

Sabemos desde a mais tenra idade que um dia iremos “partir pra uma melhor” , como diz o ditado popular, mas nunca estamos preparados para partir ou para ver alguém de nosso convívio partir: mesmo na doença, no sofrimento...surge-nos, a fé e a esperança...

Ontem, exatamente a 01:00 da madruga, me assusta o celular a tocar:...”caminhando e cantando e seguindo a canção(...)”. Atendi. Era Marlos Degani, poeta do caralho, Sangue da Palavra, broder, parceiro da madruga e mostrou-se já, de consideração e mão estendida, para outras tantas horas...Dispara a queima roupa: _ Sylvio, meu pai morreu cara...

Puta que o pariu...O que falar?

Acho que o Marlos, mais que me avisar, queria um milagre...Logo eu, que naum acredito em milagres, mas sim, em sua necessidade...Gaguejei um: pô cara, que isso?...Putz, lamento muito...
...Marlos falou mais algumas coisas que me pareceram em off, algo assim como estar submerso em uma piscina ouvindo e vendo pedras caírem a seu lado...

Passei por isto...Perdi meu pai quando pensava que todo o susto já havia passado...Parada respiratória seguida de cardíaca durante uma sessão de hemodiálise...Sei o que ele sente...e nós humanos, sentimos a perda, como quem leva porrada...Não se pode medir a intensidade da dor de cada um ...

Não consegui relaxar mais para dormir...Lembrei, lembrei e lembrei de meu velho: O percussa Iris, o funcionário público da Funderj Íris Peixoto de Albuquerque...Nome de Mulher? Sei lá, era meu pai...
Tenha Força Poeta...