sexta-feira, 17 de julho de 2009


Quando a burguesia enfim assume o poder na França, em violenta e abrupta, revolução dos homens, das idéias, ideais e pensamento, rompe a sociedade seus laços com o passado representado pela nobreza e pelo clero, que mesmo antes do regime feudal já mostrava suas garras de poder. Em 1789, cria-se a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, lançada pela Assembléia Nacional Francesa e que é uma discussão antiga e que não foi pensada apenas pela elite intelectual e revolucionária francesa, posto que, já em 1689, o Parlamento inglês atacava com a Bill of Rights – Declaração de Direitos e em 1776 o povo da Virgínia, reunido em convenção submeteu-se a Declaração de Direitos de Virgínia.

Mas, já em 539 a C, já se registrava, na atual região onde encontramos o polêmico Irã, o talvez, primeiro registro conhecido de uma carta de direitos, conhecida como Cilindro de Ciro, escrita pelo grandioso Ciro, então senhor maior da realeza da Pérsia.

Todas as Cartas e/ou Declarações tem origem e base nas teorias da Lei Natural, ou seja, bases filosófico-religiosas.

Os rompimentos causados pela força das Declarações acima citadas, são portentosos...São rompimentos com uma ética e moral vigentes e históricas...São rompimentos temporais e atemporais...E principalmente em 1789, rompe-se um contrato de soberania extremamente poderoso que vai dar na luz do tempo as marcas de nossa ética e moral vigentes.

Ao longo da história o homem vem rompendo com o passado.

Com os neoliberais, artífices do universo contemporâneo no qual estamos enterrados até o pescoço, vemos surgir a tentativa de rompimento com o compromisso, assimilado, nos quase trezentos anos da Declaração de 1789 e nos sessenta da Declaração de 1948 da ONU.

Diante de tantos rompimentos e tentativas de rompimento, vendo o dar de costas para a seriedade de conduzir o mundo a uma universalização do bem estar político, econômico e social, fico satisfeito em estar a conviver com pares que se empenham em resgatar o que ficou para traz, vítima da condução, errônea, mal pensada e articulada por todos nós, fazedores de arte e cultura de Belford Roxo (assusta-me a prepotência com que tenho me referido a uma panela de amigos e a uma fração de ações na grande Belford Roxo, nossa, posto que minhas ações e olhares concentram-se no Centro, Areia Branca e Piam – que chegam apenas, a atingir, obviamente, o centríolo da flor enorme que é esta Cidade).

O bom e velho Tataio (João Firmo), não sem sacrifícios de seu tempo, faturamento e boa vontade ao longo deste ano descerrou as cortinas de vários eventos em seu restaurante Leão de Judáh – destaque para o show de Da Gama – ex Cidade Negra – Violas e Canções, no dia internacional da mulher, que foi um show case, do show que lança seu mais recente álbum. Suas investidas junto ao Maracatu Raízes Africanas (que inclusive agora é Ponto de Cultura) e outras iniciativas são dignas de loas e remontam um passado de arte e cultura que promete ressurgir...

...Com a também forte e portentosa iniciativa de Dida Nascimento e Família (sobrinhos e amigos), que retomam as atividades do Centro Cultural Donana, que já conta com aulas de capoeira e com as iniciativas do Cine Rock.
A importância desses passos ao passado com olhares para o futuro, são um verdadeiro abraço a arte e a cultura belforroxense que retoma algum fôlego, com a experiência que pecou anos atrás e a possibilidade que é o céu.

Mesmo diante da imobilidade do Secretário Municipal de Cultura, senhor Rômulo Costa - que até a duas semanas atrás período em que eu ainda me empenhava junto a meus pares nas reuniões de fomentavam a criação dos pré fóruns para a Conferência Municipal de Cultura, não havia conseguido agenda para nos receber – nem a comissão eleita pelos articuladores dos pré fóruns, representantes legítimos, da sociedade civil organizada e nem aos artistas, agitadores e produtores culturais locais – o fazer cultural encontra lugar.

O Sarau Poesia Na Câmara, conduzido por mim, a duras penas, no espaço físico da Câmara Municipal, vem acontecendo mês após mês sem ao menos uma visitinha de cortesia do Sr. Secretário (já contou com a presença da sub secretária de cultura do Governo anterior, já contou com a presença do ex secretário de cultura de Nova Iguaçu, com a presença do sub secretário atual de Nova Iguaçu, mas nada do Rômulo, nada de parlamentares da legislatura atual, à exceção do excelentíssimo Sr. Vereador Marcelo Moraes e do atual Secretário de Meio Ambiente, Sr. Jacoginho, ambos do PT.

Mas, ainda assim vamos seguindo em nosso fazer solitário, solidário e cidadão...Mas que artistas somos artífices, barro, pedra, diamante moldados pela mão da arte e do tempo..que insistimos em rever de quando em vez...Retornando, retomando o que faltou, aprimorando o que não ficou perfeito, aparando arestas, lixando faces e trazendo brilho.

Um brilho que se mostra nos olhos...Mas que vem do coração.

Neste sábado, de amanhã, dia 18, a partir das 17 hs, o Centro Cultural Donana, mais uma vez abre suas portas para o publico, com mais uma edição do evento que vem mudando a cara da antiga cena do bairro, que era – nada para fazer - Cine Rock, com poesia, exposição, musica e cine clube.

Uma boa oportunidade de ter os olhos a brilhar e um furor intenso no coração...Na verdade a terra não treme...É o coração que acelera.