sábado, 19 de setembro de 2009

RODRIGO MARANHÃO NO SESC E MEU OLHAR ENTRE O POPULAR E O POPULARÍSSIMO

RODRIGO MARANHÃO NO SESC/SÃO JOÃO DE MERITI

A falta de aparelhos culturais é uma verdade na Baixada Fluminense. E essa Região, que tem muito mais de três milhões de habitantes, se espreme em uma densidade demográfica de média a alta e tem o histórico estigma, de “Cidade Dormitório”, pois que é o celeiro de trabalhadores, que fomentam a necessidade mão de obra da Metrópole.

A população infantil, jovem, adulta e idosa se espreme em filas de cinema, em bailes da periferia dos bairros, em eventos a porta de bares, em aparelhos de cultura improvisados na Câmaras Municipais, nos fundos de casa, sob viadutos, em salões de festas, em cima da caçamba de caminhões, quase todos sem conforto e estrutura mínima para comportar um numero elevado de pessoas e junte a este fato, a completa falta de logística e de equipamentos razoáveis de som, iluminação, palco e técnica, que possa dar, aos eventos, a qualidade mínima, que se pode exigir, para um desempenho razoável dos espetáculos, que acontecem nos quatorze Municípios, que formam este fenômeno geográfico, chamado de Conurbação, posto que as fronteiras físicas, políticas e econômicas, dessa região de depressão relativa, que mais parece uma bacia cortada por diversos rios (daí o nome Baixada Fluminense) se confundem, interagem e entrelaçam..

O poder público, no âmbito do executivo, não tem uma política de cultura razoável, fazendo com seja confusa a ação cultural que existe, proveniente de ações particulares, advindas de produtores culturais que estão baseados no universo underground (utilizando-se de locais improvisados e sem mídia de divulgação), da ação pontual daqueles (Municípios) que tem sua Secretaria de Cultura, mas que não desenvolveram ainda, uma política de cultura técnica, democrática, ampla e abrangente.

As Câmaras Municipais, Casa do povo, residência do Legislativo, ma pessoa dos vereadores, que não toma vergonha na cara nunca, através de seus projetos assistencialistas, acabam por fomentar algumas atividades artístico-culturais, nada que comtemple uma boa política cultural, mas tão somente e, apenas ações pontuais, soltas, despregadas e isoladas

Das ações pontuais, das Secretarias de Educação que acumulam a de Cultura e a de Turismo, num mix deplorável que mais parecem gincanas escolares – como diz meu irmãozinho de 125 kg, uma corrida de ganso – Vivem a maioria dos Municípios.

E a raríssima exceção (ao menos são as únicas de meu conhecimento), talvez possam vir dos Municípios de Duque de Caxias, que anda sendo desmontada e a de Nova Iguaçu (que muito recentemente, lançou dois editais com solicitação de projetos que privilegiassem a produção cultural e ação dos artistas, daquele Município – Fundo Municipal de Cultura e o Pontinho – E que ainda mantém, diversas outras atividades, em ação constante durante o governo anterior e o atual.

Muitos dos Municípios da BF, ainda, engatinham, na realização de uma Conferência de Cultura, fórum que irá eleger, o Conselho Municipal de Cultura, instituição composta por governo, sociedade civil organizada e iniciativa privada, que garantirá uma das exigências do MinC, para repasses de verbas fomentadoras das culturas, e que ainda, irão estar, em conjunto com as Secretarias de Cultura, a dar curso na gestação de uma política de cultura verdadeiramente representativa e ainda serão, o motor, de Fóruns permanentes, ação que garantirá a existência de uma rede de cultura e a sistemática conversação entre interlocutores da arte, população e governo.

Algumas ações também aparecem, de produtores independentes e que privilegiam artistas de grande mídia, adaptando suas ações e apresentações de artistas em casas de shows/bailes e em grandes vazios e espaços geográficos, que encontram riqueza na BF, no que se chama de feiras, rodeios e festas festivais que recebem todo tipo de artista que está em momento de sucesso.

Uma organização, desde muito tempo atrás vem se destacando na produção de cultura e arte na Baixada, está ela entre nós localizada em três privilegiados pontos (espalha-se é óbvio pelo Rio de Janeiro inteiro e Brasil afora) e a transversalidade de suas ações são admiráveis. Falo do SESC, que conta com três Unidades na BF: Nova Iguaçu, São João de Meriti e Duque de Caxias.

Recentemente a Unidade São João de Meriti, iniciou uma atividade com fins de agregar afins, no âmbito das artes e das culturas, bem como em suas possíveis ações transversais: a idéia é potencializar ações individuais, dar voz, visibilidade, técnica e potência de vontade. Tem funcionado no SESC/SJM e inclusive neste momento está a acontecer mais um encontro: que é dirigido pelo Gilberto Fujimori

Talvez seja o SESC, dono da maior e mais ampla ação, atitude e atividades dentro da cultura na Baixada Fluminense...Mas há ali, grave defeito: a divulgação dos eventos. Esta não surge e não salta aos olhos. As coisas acontecem e o que se observa, quer seja no teatro, quer seja na música, quer seja na dança, mostra de artes plásticas, esportes, meio ambiente, cinema, quer seja nos eventos oriundos de projetos contratados de produtores independentes são as poltronas do teatro ou as áreas comuns do amplo espaço daquela instituição “quase” sempre vazios.

Onde está Wally?
Onde está a culpa?
Há culpa?

Não sei bem se há culpa. O que me parece é que a grande população não é escutada. Não é educada, acostumada a ter qualidade e diversidade. E olha que muitas das ações do SESC são exclusivamente dirigidas a escolas, ato que teoricamente é de educar para o que existe além dos rádios e tv´s.

Nos eventos do universo underground, mesmo os mais bem organizados, também é pequena a procura.

Nos Sarais que promovo é também pequena a procura...Quando se trata de artistas locais (muitos deles já conseguiram alcançar o estrelato e um lugar ao sol na grande mídia) nem pensar.

O universo de ofertas é pequeno e a população reclama: “Aqui não acontece nada”. Quando acontece, ela não está presente.

Qual desdobramento eu devo dar a este assunto para terminar o texto?
Não me atreveria a dar conclusões ao fechamento deste emaranhado de palavras. Na verdade, vou é citar mais um fato e a conclusão deverá ser tirada por quem me dá o privilégio da leitura a este blog:
Ontem publiquei, uma relação razoável de eventos que acontecem na BF, este fim de semana.

Escolhi dentre os publicados, assistir no SESC/SJM, ao show do Rodrigo Maranhão, expoente magnífico de uma nova geração de compositores. Parceiro do Pedro Luis em diversas composições, um dos Bangalafumenga e um músico, que já é quase um campeão de gravações, por artistas de renome, entre eles, Maria Rita, que com a gravação de “Caminho das Águas”, lhe dá um Grammy Latino, de Melhor Canção.

Show impagável e impecável. - Aproveito aqui para deitar parabéns à produção de Anna Previato. A Aninha, é elétrica e, é uma das bam bans na arte da produção e do saber olhar por cima do muro e além dentre os talentosos funcionários do SESC/Meriti.

No palco, Rodrigo Maranhão em um banquinho e seu violão, a seu lado direito mais um músico com mais um violão (perdoem a falha de não ter anotado seu nome), a seu lado esquerdo mais um músico (perdoem de novo) com uma sanfona (acordeom?) e a musica toda daquele compositor excepcional.

Rodrigo Maranhão mostrou musicas de seu trabalho mais antigo, algumas soltas e novíssimas que estarão em seu “ Samba Quadrado”, que segundo ele, sai em Janeiro. Além daquelas que fora obrigado por sua mãe a colocar no repertório...Mas ele pediu para não contar isso a ninguém...Por favor, fica entre a gente.

Quase uma hora e meia de pérolas musicais e petardos verborrágicos, que surgiam em histórias cítricas, cínicas e divertidas de momentos de sua vida.
Ficou também uma conselho/deixa/idéia, que veio em tom de fábula da vida real...” Sempre acreditar no que fazemos e em nosso potencial”: Segundo ele a musica Caminhos das Águas, foi composta quando tinha ele, 15 anos de idade e, durante a descida da ladeira da casa onde morava, em direção a praia, a idéia era que fosse uma cantiga de capoeira, ao final da extensa ladeira, estava já pronta a musica, mas como memoriza-la?gravá-la? Subindo a enorme ladeira de volta e perder momentos de praia? Perder a musica? Voltou a casa, gravou e desceu a praia...Acreditou em “ si próprio”. .E. ano passado, ganha um dos prêmios mais importantes para músicos latinos...O Grammy Latino.

Na platéia, espalhados no mar de cadeiras negras e vazias (me parece que a capacidade do SESC/Meriti é de 350 lugares), não se somavam cinqüenta pessoas. Absurdo. Inacreditável.

Rodrigo, senhor de si, sorria e destilava suas canções e histórias...e sorria...Disse “estar a procura do publico perfeito”, mote que na boca de Marcelo D2, viraria rap, mas ele, ali encontra um pedaço desse publico que procura., segundo seu próprio depoimento..

Nós estávamos ali, em pequeno numero, mas com muito respeito por assisti-lo em show respeitosamente magnífico.Uma honra

Na sahída, bem em frente ao SESC, havia um bar que tocava pagode e forró...E a rua estava tomada...Cheia. Era impossível utilizar a calçada. Para passar era necessário disputar espaço com os carros na rua.

O equipamento de som, de baixa qualidade, roncava, fazendo uma textura, cama sonora para a musica que tocava, mas o povo cantava e dançava, felizes em seus copos de cerveja gelada (quem resiste?).

Independentemente de minhas escolhas musicais, de minhas preferências culturais e de arte, está na hora de pegar a galerinha que vive na onda de andar com calça de algodão, sandálias de couro, bolsa a tira colo...Universitários ou graduados,com canudo em baixo do braço e de Chapeuzinho de pescador, bata, vestidinhos floridos e largos, cabelos ao vento e sempre estilosos que vão do Black Power as Dread Loks, que seguem achando, que pela vestimenta alternativa e gosto fora do conceito estatístico moda, são porque acham que são e consideram porque querem ser, os reis do barato e da cultura...Que passemos a observar mais, para sacar, que Pais é este, que Baixada é esta.

Remodelar a cultura, para um tintinho e potencializar o que o povo gosta...Mesmo sabendo que são levados e lavados pela tv e pelas emissoras de rádio de penetração mental subliminar e lavagem cerebral absoluta.

Bem...Minha net esteve péssima hoje, ortanto o texto que ficou pronto as 14:25, só agra vai pro ar...E eu jah pronto, sigo para o SESC/Meriti, para assistir ao Danilo Caymmi...Vamo nessa?