segunda-feira, 5 de novembro de 2012

CONVERSA DE BAR: O Ferramental Dos Gestos E Da Palavra



HISTÓRIAS DE BAR

O Ferramental dos Gestos e da Palavra

Não fosse a minha grande preguiça em escrever diariamente, tal como fazia antes, com toda certeza, vários livros estariam prontos a serem rodados com grana própria – que não tenho – ou à serem, enviados à aprovação, das várias e muitas editoras...Um dos títulos seria, com toda certeza, o que se pode ler acima...

“ontem, domingo dia 04 de novembro de demiledoze, tentando curar  uma tristeza e solidão inefável, que me invadia a cabeça, tronco e membros, disputei um pedaço do balcão da birosca do Lourival...Uma Antarctica e dois pedaços de costela, pedi...E iniciamos o papo, sobre tudo que se pode imaginar, já quando estava, na segunda cerveja, surge um conhecido que por hora não lembro o nome e, pediu um conhaque no que dupliquei meu pedido...Lourival, bota um pra mim também  e traça com catuaba – o melhor remédio para sentimentos inefáveis é perder a razão e perder a razão, para este poeta menor é ficar em estado alterado de mente, com álcool – ato contínuo, contei a história de minha experiência pessoal com um “brandy”, o verdadeiro conhaque, que provei oferecido por meu irmão, lá no Rei do Cozido, na Vila são Luiz, em Duque de Caxias...

A esposa do Lourival se aproxima e pergunta: - como é esse teu som com efeitos e telão?...Expliquei e já emendamos no papo sobre pagamentos, falta de pagamentos, pedidos de desconto, desconsideração com a importância de um som numa festa, intromissão dos convidados nos sets de musica, o fato comum e a quase obrigação de usar os vários pen drives que os convidados costumam levar para as festas, para ouvir a musica que gostam, em detrimento da musica preparada e sugerida pelo “dj” da festa e/ou das musicas previamente acordadas com o dono da festa e, ainda  sobre o  fato, de que atualmente, quase todos os “garotos’ que tem um computador em casa – seja desktop ou notebook – terem,  instalado,  o programa virtual dj – que é free – e se pensarem “dj´s”, fato que os torna verdadeiros  pitaqueiros nas festas...

A este comentário, somei rindo, um outro, que deu origem ao que este prolixo texto, quer fazer referência: - e o pior é que eles não se preocupam em comprar um equipamento de som...O investimento é meu e a onda tem de ser deles...

O amigo que chegara e no momento já dividia comigo uma outra cerveja, emenda: - não há trabalho sem ferramentas, eles tem de ter as suas próprias ferramentas...Pois é, completo, rindo ainda mais, com as mãos e os dedos só escultura em barro ou massinha...

O amigo, continua, num falar bacanudo, que somava o sotaque pernambucano e o gestual mover de corpo que era seguido pelo dançar lento e mágico das mãos, que ostentavam um anel em cada dedo: - quando eu sentei praça no Exército, lá no 14 RI de Recife, um sargento levou a gente pra faxina, que demorou muito a ser completada, fato que levou o coronel comandante a ir até nós e perguntar por que ainda estávamos naquele ponto e, eu respondi, como é que eu vou transformar a minha mão em pá para recolher o lixo? – o sargento enlouquecido disse que me puniria, pois além de eu não ter pedido permissão para falar, não se podia responder assim,  ao coronel...E o coronel me deu três dias de dispensa, óh!...Quando eu voltei, ele me perguntou por que eu havia respondido daquele jeito e eu lhe disse, meu coronel, sem as ferramentas certas o homem não progride, pois que,  até os índios e os homens das cavernas usavam ferramentas e ele me disse volta pra casa e fica mais três dias...

E rindo, continua, quando me apresentei de volta ele me perguntou, você quer servir a mim e a minha família em minha casa?...É claro, meu comandante...E desde aquele dia nunca mais botei os pés no quartel e usei farda, servia somente ao coronel e a sua família, lá conheci a sua filha e, estou casado com ela faz  40 anos...óh!