sábado, 3 de outubro de 2015

HOMEM CORDIAL
SOMBRA DAS SOBRAS

Penso em assassinato e muito sangue
penso em maldade, cortes transversais
e muita carne dobrando-se ao peso
das vísceras expostas...


E tudo isso é mais dor em meu peito
ferido
amassado
sem esperanças
uma dança esquisita a rodar meus dias

E eu me cortando mais e mais, num açoite
idílico e injusto - pústulas e edemas
barba e cabelo por fazer, enfeitam
os olhos fundos, circundados de roxo

da boca a grave voz, balbuciada
em quase choro, quase grito
quase silencio

ah! que dor nesses dias, de assassino
covarde e sonhador - nem lagarta
nem libélula


Apenas um fantasma, uma sombra
das sobras do que fui
e do que sempre quis ser