O QUE CRIA A FÉ NO MILAGRE É A IDEIA DE QUE DEVE HAVER UM MILAGRE
Não sei se existe, uma terminologia especial, para designar,
um “Milagre Ao Contrário” – seria, maldição? – o que é fato é que cada vez
mais, menos acredito em milagres, principalmente quando estamos na seara do, “Dê
A César O Que É De César”
O que estamos a assistir no Brasil, poderia ser considerado,
um grande milagre: que é o engajamento de vários segmentos da sociedade, de
várias faixas etárias, de várias tribos de etnias e preferências sexuais
plurais e de vários pontos da curva econômica, numa luta comum a todo cidadão
brasileiro, a exigência de respeito...
Eu, acredito muito é na necessidade do milagre, vibe, que me
apossei quando das leituras, sobre Lucién Febvre, Bloch e Charles Broundell,
criadores da Escola dos Annales: "O que criava a
fé no milagre era a ideia de que deveria haver um milagre"....Aqui
especificamente tratando da crença do povo, de que os reis, com um toque lhes
curaria da “escrófula” ou “mal dos reis’...
O povo acordou, e isso é um milagre - diante da recente
história e processo de desmonte da educação brasileira e dos diversos sacrifícios
a que foi exposto o povo . As recentes
expectativas de especialistas, de leigos, de apaixonados e de simples e mortais
cidadãos de que se conseguiria mudar o rumo da história recente brasileira e
acabar com os desmandos, com a corrupção, com a falta de melhores condições de
saúde, educação e cultura, com a falta de critérios sérios, na escolha da presidência
e mesas diretoras dos vários Conselhos, que habitam o Congresso Nacional,
superfaturamento de obras e blá, blá, blá...
Aportados à rua, fazendo-a, explodir em movimento
reivindicatório, surge-nos, o milagre ao contrário ou a maldição de um golpe,
instalado e linkado como um verme, uma bactéria, um vírus no cerne do
movimento.
E por que, surge-nos esta ideia, por que? - Talvez porque,
não se queira ou aceite, o envolvimento e a condução do mesmo por bandeiras ou
partidos políticos – Talvez porque, fica difícil, entender a violência que se
bate de encontro com a tentativa de fazer um movimento pacífico e talvez ainda,
porque movimento pacífico cheira a cartilha do “Como Iniciar Uma Revolução” e
fede a festinha feita na Bósnia, Zimbábue, Estônia, Mianmar ,Tunísia e Egito...
A revolução, começa na desobediência civil, posto que, não
se pode combater com o Estado, sem armas na mão: pau e pedra não irrompem o
portal da truculência do aparato armado do Estado, e quem ensina é o próprio Gene
Sharp, indicado várias vezes ao Nobel da Paz, este solene e sóbrio senhor americano,
professor de Ciências Políticas, da Universidade de Massachusets Dartmouth e
criador do “Styagraha Norms” e de um extenso trabalho sobre “luta não violenta”
que desagua no documentário, “Como Iniciar Uma revolução Sem Violência”, que
conta com inúmeros conceitos sugados da moringa de ninguém menos que, Mohandas
Karamchand Gandhi.
E então, por tais nóias generalizadas, que se insurgem das páginas de
blogs, jornais e revistas, das bocas de Carlos Vereza e Paulo Henrique Amorins
e Paulo Célios, da vida, devemos volver à casa, quietos e calados e
contentar-nos com os 0,20 (vinte centavos), mas é claro que não...Mas vigiar e
vigiar, não será demais. E parece-me que o fora Dilma é, imperfeito e deve ser
patrulhado, fora Dilma o cacete, fora partidos, o escambau, fim do Congresso
Nacional, tá maluco, as palavras de ordem devem ser outras e o fora Dilma, quem
sabe no próximo pleito?
A maldição, do golpe nos ronda – sempre e sempre nos rondou,
afinal não somos uma sociedade que vive ainda as heranças da colonização? –
Nossos vizinhos mais próximos, também não tem este estigma? - Nossa América
Latina, liberta e livre, rica e potente – Incomoda muita gente...O PT, ainda
que, hoje, esfacelado em praça pública, teve papel preponderante na condução
vagarosa e lenta, pra uma Nação, melhor – E este fato deve fazer estufar as
bolas dos norte americanos...E um amigo maldiz: Sylvio, tem dedo de judeu americano nisso...
E então, eu repito a frase com alguma adaptação: "O que cria a fé no milagre é a ideia de que deve
haver um milagre".
Mês passado, minha irmã, veio de São Paulo, após uma
palestra com o príncipe imperial do Brasil, Don Bertrand Maria José Pio
Januário Miguel Gabriel Rafael Gonzaga de Órleans e Bragança e Wittelsbach ou
simplesmente, príncipe D. Bertrand, além de sua amiga de FB, cheia de ideias estranhas
e com um papo sinistro, sobre uma intervenção mundial, que caracterizaria uma “Nova
Ordem Mundial”, sob o poder e comando do “Iluminatis” e que – e eu arregalei os
olhos aos discursos dela – haveria um golpe no Brasil e que este golpe seria
orquestrado pelos “Iluminatis”, que inclusive conta com apoio – os tais
baderneiros – dos mercenários norte americanos da BlackWater...Coincidência?...
(prestem atenção ao cara fortão de branco...seria um
blackwater?)
E então nos surge, célere neste junho sem frio, o “milagre”
do despertar nacional, que com sucesso e rápido, consegue ver cumpridas a s
suas exigências, e que segue com uma “maldição”
, que se pode ver nos papos de FB, nas teorias de conspiração e golpe, e ainda, nos desencontros, entre a sociedade civil organizada
em passeata e as autoridades – que nos joga em cima os cães ferozes a seu
serviço – Polícia Militar...
Estas correntes, que publicam nas redes sociais e ainda nos vários
sítios desta imensa rede de computadores, as teorias de conspiração – parecem valer-se
dos métodos dos historiadores do Annales, que se permitiram fazer o estudo da História,
de baixo pra cima e ainda deixando, que lhes permeassem, os aspectos subjetivos
e psicológicos que envolviam as questões, além é claro de insurgirem-se contra
o tradicional, contrapondo e peneirando tudo com o “método comparativo”, assim,
o que vemos absurdamente fragmentado na mídias e nas ruas seria, interpretado,
como sendo “as ilusões coletivas”...Eu que revivo, aqui, neste texto, uma
ilusão coletiva que pende entre o milagre e a maldição, também ouso fazer a comparação, com os Países, já
citados acima: Bósnia, Zimbábue, Estônia, Mianmar ,Tunísia e
Egito...
Nada, nada e nada neste texto é uma afirmação concreta, pois
que é, ele, um texto leigo: um Dossiê Papagaio, feito por um poeta e sem as
luzes de Hollywood...