sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

MAURINHO: OCrocodilo Dundee de GUAPIMIRIM


Maurinho, o caseiro do sítio que me chama de tio e a meu irmão de pai (vixe, até ele acha que meu irmão é mais velho que eu, o primogênito, das proles de Íris e Jurema ) - portanto muito mais que um caseiro um cosanguíneo, um parceiro, um filho, um sobrinho - tem lá seus desvarios, viagens e causos a contar.

Já há algum tempo, conhecemos a surucucu de fogo, uma cobra que comete suicídio jogando-se ao fogo. Essa tal cobra é colorida como o fogo e se atrai ou irrita com ele, isso naum ficou bem claro. Quando ataca torna-se um círculo e vem rolando como uma roda incandescente...Não me perguntem se com a língua para fora ou fazendo caras e bocas...O que é fato é ela é assim e ataca assim...Para não causar desgosto a Maurinho a gente ri, sacaneia, faz teatrinho, mas não vai além disto.

Certa feita, resolvi vir para o sítio só...Queria pensar...Escrever...Jogar game...Olhar as coisas daqui, conversar com Maurinho e seus amigos...Com o “Moringa’ que é seu pai de sangue...Beber cair e levantar no bar caverna da dona Zú, no de dona Lúcia e no mercadinho do Seu Geraldo (o dois irmãos) “a cerveja mais gelada de Guapi”, segundo seu slogan...E acabei correndo louco, louco para o sítio de Seu Júlio, não sem pular o muro que separa os dois sítios e pisotear toda a sua plantação de pimentas e feijão por conta de um jacaré o que o doido havia capturado ao tentar entrar no lago do sítio.

Por aqui aparecem muitos jacarés, nas lagoas formadas pelas chuvas nas grandes temporadas e nos brejos criados a mão pela mãe natureza...Maurinho nada entre eles, pois segundo ele, os jacarés não abrem a boca dentro d´agua...Brinca, captura, protege, come...

O Crocodilo Dundee de Guapi, professor de capoeira conhecido como Mestre Motinha na última vez que aqui estive (duas semanas antes do carnaval) disse que a crina do cavalo imersa em água vira cobra...Diante do escândalo de risos e troças de seu pai – meu irmão - químico e farmacêutico pesquisador e de seu tio – eu – caçador de histórias, resolveu provar...Matar a cobra e mostrar o pau...Arrancar a crina e mostrar a cobra...bem.. hoje, quarta de cinzas a tal cobra não apareceu ainda na água gosmenta e escurecida de onde sahíria para a vida...

A última foi disparada no sábado de carnaval...A goiabeira quando molhada pela chuva e na presença de uma cagadinha de passarinho em algum galho muito velho seu, imita a máxima de Franz Kafka em Metamorfose e faz nascer ali um bicho pau...

Se você começar a rir Maurinho vai ficar deprimido e naum vai terminar o seu maravilhoso “ice’ , uma mistura de cachaça, limão, gelo e água...Que depois do “cú de burro’ é a melhor química que sai de suas calejadas mãos.

CU DE BURRO: cachaça mais suco de limão galego com sal...se tomou o suquinho salgado e paulou a cachaça pra dentro...estará a um passo do descompasso.

TED BOY, A REPORTAGEM CRÔNICA DE RODRIGO FONSECA E MINHAS LEMBRANÇAS DE MENINO




O jornalista, Rodrigo Fonseca, do jornal O Globo, na edição de domingo de carnaval, 22 de fevereiro de 2009, faz uma matéria homenagem, que gostei muito, pois que, até na crítica que insere na matéria/crônica sugere carinho e poesia.

A crítica, vem dos pigarros gerados pelo fumante atleta aposentado. Destaco aqui, uma pequena parte do texto que não consegue e nem pretende demonstrar o todo, mas é muito bonita: “(...) o copo que entorna não aplaca sua tosse.Ela fica na garganta, no mesmo lugar onde sobe e desce um refluxo de saudades contidas. Aquele bolo que dá no peito de quem viveu muito e hoje passa as tardes com “Vale a Pena Ver de Novo” ligado na tv. A lembrar...(...)”.

Noves fora, as lembranças do próprio Ted Boy e as que rebusca Rodrigo, surgiram as minhas, as de meu irmão e as dos amigos que compartilhavam o ambiente e a leitura do mesmo jornal naquele domingão ensolarado em que minha cabeça mal continha a quantidade de acontecimentos evoluindo a minha volta (céu, nuvens, sol, arvores, pássaros, pipas, as crianças na piscina, a piscina, os guarda sóis coloridos, o papo animado sob os guarda sóis, meus cuidados com a costela assando no bafo, a cerveja gelada, a leitura, as intervenções divertidas, os banhos no chuveirão, os mergulhos de barriga na piscina, a seleção de músicas, marchinhas antigas de carnaval que fiz rolar para naum sahir totalmente da real e sei lá mais o que..) .

Lembramos dos tempos do programa Telecatch, do Verdugo, do El Chasque, aquele covarde que passava limão nos olhos dos outros, da Múmia, do Mongol (caraca ele era muito ruim)...Das tesouras voadoras e escrachos do Telecatch viajamos, para as aparições de Ted em outros programas, principalmente nos trapalhões (não conseguimos chegar a conclusão de um referendo que ficou no ar, o programa Os Trapalhões ficou ultrapassado e perdeu a graça ou nós é que envelhecemos e vemos graça em outras coisas?)...Eu e meu irmão lembramos de quando o Ted apareceu em nosso bairro fazendo as honras de um circo, da emoção de estar vendo ao vivo e alí em nossa Areia Branca um artista por nós admirado...Tudo graças ao mergulho de Rogério nesta matéria graciosa.

Tomara, que esta matéria naum tenha sido uma exceção na carreira de Rogério Fonseca, pois eu ficaria muito infeliz de ter revivido momentos impagáveis de minha memória por conta e provocação de um jornalista babaca, aqueles do tipo denuncistas, mentirosos, arrogantes e escrotos.