terça-feira, 3 de maio de 2016

qUEM dIrIA?



Há aqui, neste facebook nosso  de cada dia, um avanço absurdo, que  vai do uso cínico do poder de comunicar e de feedback,  que nos dá a retroalimentação, que vinga a solidão, a falta de companhia e entendimento do próximo e que ainda suspira, gritos, arranhões e possibilidades variadas de compaixão, ódio, auto ajuda, que  hoje, sofre menor patrulhamento – Até um uso expandido, que  infelizmente ainda serve para perseguição e vingança,  ostentação e possibilidade de vigilância – auto promoção mentirosa e vil e outros subconjuntos de paixões menores.


E cabe aqui citar,  meu poema preferido – depois  do poema do Alcides Eloy: Poema Em Linha Reta, de Fernando Pessoa


Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.




E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,



(...)”


FP


Há quem sempre vença, quem sempre esteja feliz, quem sempre coma  bem, inclusive quando se trata da antropofagia sexual, come sempre a melhor mulher do pedaço (ou é por tal beldade comido...).


Há quem se exponha em riso, em trabalho e sonho, em drama – Hey!


Aqueles que diziam mal desse instrumento, ferramenta, novela – hoje, muito além de terem aderido à moda ou a lavoura, também postam a foto de seu prato de churrasco, ovo frito de gema mole com fritas, fondue,  cachorro e gato, sorriem n uma selfie, diante do palco dos Rolling Stones, Wesley Safadão,  da sobrinha querida, no ônibus entre a ida e a volta do trabalho ou diante das corredeiras do Rio São Francisco ou Mississipi.


A partir do momento que adere, aquele crítico literário, aquele que sabe tudo de poesia, cara sério e de vida imperturbável, afinado com o  teatro e cinema, musica, política, esporte, finanças e sociedade, passa a dar a sua importância, ao instrumento e ele, o Facebook, deita-se em ferramenta de bom uso – salvo qualidades de pouca valia, postada por escusos piratas e chatos, que certamente não gozam de sua sabedoria (e crivo laico e medieval de completa e absurda seleção – ação que considera indispensável e que pensa  ceder importância, antes a si próprio e depois ao aceito – um vassalo do suserano).


O boom do momento é o uso político – não o uso político, do doar-se  socialmente ou simplesmente, o de demonstrar apreço por determinada linha fisiológica ou filosófica da política, mas sim o uso na política partidária, no golpe que o Brasil enfrenta, multiplicando e pluralizando, cavalos de Tróia, com os mais de cinquenta tons de cinza dos golpistas – feitos por especialistas, por escritórios que moldam a arte da entrevista, a arte do desenho e da charge, da comédia, da clipagem em recortes que saltam da verdadeira realidade ou frase proferida,  e ainda, aquelas mesmas ações citadas anteriormente, legadas aos amigos para compartilhamento de meros usuários, de esquerda, como eu e alguns amigos fazemos no silêncio de nossos  lares  e,  o Paulo Célio é campeão (felizmente esse cabra existe).


No Brasil, país entre os campeões  na utilização diária , e no implemento do Facebook, como ente necessário , indispensável aporte à todas as ações – não lembro de ter lido, ainda, que ele tenha sido instrumento, de importância tal qual foi considerado, na Primavera Àrabe.


No Brasil, o Facebook é diferente porque o brasileiro o faz ser diferente, no uso que prefere para ele e aqui, mesmo os anúncios patrocinados, não vendem como deveriam, os eventos não lotam mesmo quando se tem hum mil e quinhentos amigos – uma portentosa possibilidade de pluralização, diante da progressão geométrica que permite, a rede.


Uma campanha de doação, para a compra de uma bateria, para um adorável menino autista, promovida por um amigo e multiplicada por este poeta, não vingaria efeito se aquele, não se pusesse à frente da compra total das cotas (Mailton Rangel)


Os shows dos amigos, do universo mais denso, dentro do subversivo universo underground, aqui da Baixada Fluminense, não lota, não esgota sua intenção de ser amostragem de trabalho autoral, mesmo quando uma parcela enorme de seus “amigos”, compartilham – mesmo sendo digratis!


O facebook no Brasil, funciona diferente – não assusta, mesmo quando se compartilha milhões de vezes a fala do Bolsonaro em favor de um torturador e incitando o estupro de feministas, mesmo quando se pluraliza as ações homofóbicas e mentirosas contra o deputado Jean Wyllis.


Aquele que estah em um grupo de poesia, não lê e discute o poema do outro – só posta e posta e posta, seu próprio trabalho – incansavelmente e em todos os grupos possíveis, como se fosse um anúncio de um Balcão Frigorífico ou Moto, que nunca são vendidos, aquele poeta quando dá um like, ou posta como resposta ao poema,  aquela carinha linda e amarela – faz num tempo recorde – E a gente pensa sabendo a verdade: - esse filho da puta nem leu...


Aqui, quando a prosa  ou  o poema seguem ilustrados  com fotografia própria ou roubada da net – ou pinçada das pastas onde se oferecem fotografias e musicas em commonwelth, comentam a fotografia desprezando o texto.



Carranca com homem, Rio São Francisco Foto Marcel Gautherot [Acervo Iphan]
A verdadeira cara, do Facebook e dos seus associados, surge – quando alguém ousa, espinafrar, falar mal, ridicularizar o outro, não...não é ele tão forte na colocação de louros quanto é na destruição e derrubada de muros – E eu sei bem disso, num episódio lamentável, que me inscrevi, sendo sincero sobre a morte de um ex amigo (personagem que se fez importante, aqui em Bel) – e sincero e reconhecidamente potente algoz, contra os que era contrario.

Mas no que se refere, a origem da vontade desse texto, há felicidade em meu peito – pela possibilidade de alcance – antes era mais pedra e hoje é mais fluído, chegaremos a ser uma mensagem na garrafa Pet, arrastada rio abaixo ou message in a battle, jogada ao mar – como nos encantos de um conto.

Pelo tamanho e prolixidade, sei que alcançarei – dois ou três comentários – quem sabe meia dúzia de likes  sem leitura, somente por devoção.

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