quarta-feira, 30 de abril de 2008

FELIZ ANIVERSÁRIO MINHA BAIXADA

FELIZ ANIVERSÁRIO MINHA BAIXADA

“ Dizem que o genocídio imputado aos nativos, seres autóctones
Da Baixada Fluminense, trouxe ao povo daqui, o Karma da violência, pobreza e descaso político...Eu digo: Nós os homens ligados às artes, resgatamos o moral, estamos enterrando o estigma e transformando o Karma em cultura”
Sylvio Neto

Música Sugerida: Homem Invisível
Roberto Lara

De maneira geral toda a história de minha vida, até então, foi passada na Baixada Fluminense. Na Belford Roxo, em que me criei e eduquei foi que conheci a arte e a cultura. Hoje, é possível expandir os horizontes da produção cultural local e levar, visitar, conhecer e se apaixonar pela cultura de toda parte do Brasil e do mundo, pelas janelas da rede mundial de computadores. Ontem era mais difícil. Carecia de dedicação e horas de pesquisa em bibliotecas ou em frente à tv a espera dos programas específicos.

Um fenômeno geográfico chamado conurbação ocorre na formação, inter-relacionamento e inserção dos Municípios que formam e são a Baixada Fluminense. A riqueza histórica, hoje, já não se perde tanto quanto em outrora - Vários Institutos de Pesquisa resgatam através de publicações (respeitadas pelo meio acadêmico) que hoje se avolumam buscando retomar, o respeito e importância política e econômica, dos tempos de colônia, Império e parte do que se conhece como República.
Os Portos e Entrepostos Comerciais, as grandes plantações, O caminho do ouro em direção a Metrópole (Portugal), berço de nascimento e morada de grandes líderes nacionais e locais (questionáveis ou não) – A partir da Segunda República começa o processo de derrocada política, social e econômica. A então Capital da República e Metrópole Nacional, a Cidade do Rio de Janeiro engorda, fragilisa e desconcentra a riqueza econômica, social e política impondo fim à importância das terras em Depressão Relativa que sobrevivem entre os rios, que foram sendo gradativamente assoreados até transformarem-se em dor de cabeça para o poder público e para a população, tornando-se assim, um instimo entre a periferia e a capital. Transformando-se assim em um estigma nacional de Terras Violentas.

Meus primeiros contatos com a arte e a cultura devo a minha família, que contava com vários músicos. Meu avô Sylvio, meu tio Sylvio e meu Pai Íris (os três músicos da noite) e minha tia Maria Aparecida (seu caderno de poesias – J.G de Araújo Jorge) dentre outros se destacam de forma non sense na minha inclusão a este mundo.
De forma mais efetiva e afetiva minha entrega inicial foi à poesia, que via o colega de escola Fernando fazer. A poesia estava já contida em mim pelo processo de osmose, cresci ouvindo dos sucessos da Motown (Soul Train) a grande música brasileira que na época vinha da música de Ataulfo Alves, Dalva de Oliveira, Sylvio Caldas, Dorival Caymi (...) ouvidas nos saraus na casa do vô Sylvio ao Partido Alto, também lá cantados e sambados e ainda a novíssima Bossa Nova e a formação do hoje se chama MPB...De forma arrebatadora a poesia me pega quando as portas do comércio de Nova Iguaçu me travam o andar com a poesia estampada de Moduan Mattos...

Sair de meu bairro para ir à escola e ter de passar todos os dias pela antiga loja de artefatos de ferro, a Searca Ltda, e ler o recado: “Lembre-se aqui é Belford Roxo” me marcaram bastante. Sem saber o significado real daquela frase que foi estampada no New York Times, eu percebia ainda menino o impacto negativo do estigma. Hoje, graças à iniciativa de muitos artistas anônimos e de outros conhecidos a nível nacional e internacional, graças a intervenções de caráter não governamental oriundas de ONG´s, Cine Clubes e Projetos ligados à cultura foi possível provar a grandeza do povo destas Terras que formam a Baixada Fluminense: Meu grande abraço neste dia a alguns deles Desmaio Público (Cezar Ray e Troupe), Embaixada Poética (Valdemir), Projeto Poesia Na Varanda (Sylvio Neto, Hélio e Roger Hitz), Cine Clube Mate com Angu (HB e All Movie Makers), Laboratório Cítrico, Cia Anti Cinema (Márcio Graffity, Slow e amigos), Sociólogo André Leite, Cidade Negra, Dida Nascimento (Centro Cultural Donana), Daniel´s Bar, Roberto Lara ( a primeira ZAT que conheci), Quinta Oito e Trinta, Projeto Na Mosca (Roberta e Sampa), Projeto Alma de Bel (Verme) entre outros

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