sábado, 29 de agosto de 2009

SARAU DIGITAL DE SABADO


Sarau Vitual

Sarau Digital

Sarau Sarau


O MEU POEMA É O QUE ESCREVO EM MIM


Me chamam

Poeta Bomba

de papel

na tentativa

de esvaziar minha

letra

ha!ha!ha!ha!ha!ha!


Querem imprimir

em mim

sua poesia vaga

Escrever em mim

seus próprios poemas

cegos

ah!ah!ah!ah!ah!ah!


Que procurem muros

para pichar seus borrões

Que achem suas próprias

paredes, papéis e cadernos

para deitar

seus escritos de bombom

ah!ah!ah!ah!ah!ah!ah!ah!

Não esperem nada

de mim

se não

minha própria

poesia

Em mim se escreve

o meu, o meu e o meu

ébrio poema


ROSEBUD...ROSEBUD...ROSEBUD...ROSEBUD..ROSEBUD


Por todo o tempo vivido em trabalhos mal remunerados

Rosebud

Por todo o tempo de trabalho que me tornou um soldado

Um mal soldado, um mal estar ambulante...Um desesperado e bem pago soldado

Rosebud

Por toda tristeza que é ser só...Diante, entre, abraçado e aos risos com a multidão

Rosebud

Pelo fato de não ter conseguido até então entender os meandros, artifícios, desencontros, malefícios,

Malefícios,...

Desencantos em desencontros

E a sordidez

Do viver: Rosebud

Rosebud

Rosebud

Rosebud

Seja lá o que isso significa

Rosebud

O caralho

O caralho a quatro

Rosebud

Por toda a tristeza e solidão do agora

Por todo o esquecimento do querer

Por tudo o que é ser

Por todo Hammelet que existe em mim

Por mim e ainda pelo sim

Talvez ainda pelo não

Pela falta de perdão

Por querer sempre a tua mão

Rosebud

Rosebud

Rosebud

Rosebud

...Rosebud

seja lá o que isso quer dizer

Uma peça entre o ser e o não ser

Quem sabe o ouro atrás de mesquinharias do não ser

O elo perdido entre o ser e o querer

A lágrima escondida e guardada em cheiros no travesseiro

O grito escondido por detrás dos cantos durante o banho

No banheiro

Ou um grito calado que infla o peito

Rosebud

Rosebud

Uma palavra qualquer ou qualquer jeito

De fazer abrir o peito

E em muitas palavras arquitetar um jeito

De chamar atenção

De se dizer poeta

Puto

Solitário

Profeta

Fazedor de poemas

Quem sabe escrevedor de texto que nem vale a pena ler

Um Sylvio Neto qualquer

Quase todo por assim dizer

Ser

De nervuras reais

Visceral , inquieto

Arquiteto e criador até onde sabe ser

Rosebud

Toque para mim

Meu esquema

Dilata

E Dias de Janeiro

Deixe que fique tocando o dia inteiro

O dia inteiro para minha alma

O dia inteiro para minha calma

E me deixe assim...A sonhar com os Bancos de Cor Laranja

Rosebud

Maldito salário de merda que não tenho

Impiedoso emprego pelo qual na busca me empenho

Inefável é a ardência de produzir poemas

Tal qual é o vigoroso embuste de meus dias em sarais

Calor de meus ais...paixão de meu dias

Ah ah ah ah!!!!!!!!!!

Bem que podiam me sustentar

Rosebud


SOU JACUTINGA

Aqui

os rios se entrelaçam

em desenhos

de uma geometria

de vida e de história

E ainda hoje

se desdobram as lutas

e os gemidos jacutingas

donos desta terra

toda cheirosa

dos temperos

de meus ancestrais de África

Do sangue escorrido

Dos jacutingas exterminados

Surge uma terra fértil

A germinar laranjais

E um povo forte e criativo

Com a força do coração

pés e mãos

De meus ancestrais






ENCANTOS DE MEUS CANTOS

Não, não, não

Pense assim

Pois as palavras ditas

Nada escondem

De mim

É verdade

Que contêm laços

E fitas

Mas eu sou mesmo assim

Mesmo quando não há

Palavras a serem ditas

Pois meu peito

É fonte de encantos

E mesmo enquanto canto

Ou danço

M e encontro

E mesmo quando

Em silencio respiro

Ainda há canto

Pois que a vida

está em mim

Há mesmo verdade

Em meus encantos


EM POSTAS À MESA

Sentidos expostos no vazio

Esforços perdidos no chão

Encontros forjados no não

O eu em postas à mesa

Nos acordes cortados a fio

Só mais um dia

Eu imploro

Só mais um coro

Afinado

Meu novo dia não pari o pão

Minhas correntes não desfazem

A solidão

Minhas palavras são clips baratos

E o meu bafo é só mais um blefe

Só mais um dia

Eu imploro

Só mais um coro

Afinado

Sylvio neto


CHORANDO TEUS OLHOS

Com uma navalha

Em uma das mãos

Falta de razão na outra

E Talião no coração

Rasguei teus olhos

E arranquei-o de teu rosto

Teus olhos choraram em minhas mãos

Hoje meus olhos choram teus olhos

Vejo teus olhos nos dias longos

Vejo teus olhos quando a noite

Engole o dia

Vejo teus olhos

Vejo teus olhos

Vejo teus olhos que me cegaram

Em plena luz do dia

Vejo teus olhos

Que me pregaram na cruz

Vejo teus olhos de mentira

Vejo teus olhos de ira

E ainda vejo tua cabeleira

De ouro

E o corpo e alma

Que foram fumaça em meus olhos






CANTLENA

Faze-me entender
muito e mais e além da rima
E ainda da metáfora

Faze-me superar
muito mais que o léxico
tomam-me pelo plexo
alma
sina

Torne-me homem
ensina...
explica...

Quero poder beber a vida
de corpo inteiro
E num respirar mais profundo
inspirar o transpirar do mundo

E em sendo profícuo
tornar menos oblíquo
os movimentos
de cabeça, tronco e membros
Menos raros os olhares
Criar gostos
sem avatares


CANTAR OLHAR


Andando a rua

Em pêlo de noite envolvido

Lua...a banhar

Cantor apaixonado

Poeta de versos

Coração alado

Sem eira e beira

Colecionador de letras

Palavras em feira

Em andar...andar e andar

A olhar sem medo

Em destino a paixão

Poeta menor

De letras grandes

em poesia amor


CANÇÃO FLUMINENSE

Aqui, entre os rios

Bem cedo

Antes de você acordar

Sem medo

Eu posso flutuar

No verde que é um mar

Serra de Madureira, Xerém

Jaceruba, Tinguá

Mais tarde

Quando já é hora

De regar as plantas

Existe um agora

Quase tão lindo

Quanto teu olhar

E o sol se recolhe

Entre o verde que se vai

Vespertino

E dá lugar a vários tons de azul

Do claro céu ao escuro marinho

Que encerra em véu

Mata Atlântica, Pau Brasil, Verde Brasil

Os rios que brotam do chão

E lavam a Terra ancestral

Dos Jacutingas

São como as lágrimas

Que lavaram a alma

E batizaram este lugar

Carioca, Jacutinga

Tupinambá, Tupiniquim

Ondas azuis e ventos rápidos

De intenções conquistadoras

Trouxeram suas velas

Acesas e infladas

E a intenção da tua intifada

Sua chegada

Foi canção, fado de conquista

Rasgou a alma, rompeu a calma

Natural do meu mundo

Sua vela em cruz

Queimou até a última conseqüência

Com seu arcabuz

Minha Mata Atlântica

E o meu povo ajoelhado

Sob o poder da Cruz de Malta

Cantou de bom grado

Colheu de boa intenção

O que era nosso de direito

E deu na tua mão

Aqui jaz:

Serra de Madureira, Xerém

Jaceruba, Tingua

Mata Atlântica, Pau Brasil

Carioca, Jacutinga

Tupinambá, Tupiniquim







Ápice

Abala o coração

Do poeta

A bala

Que fere

E para

Na cabeça bombom

A bala que fere

O poeta

Mata e mata

Sem por que

Ah bala

Doce de criança

Alegria e poesia

Abala

pai, mãe

E a sociedade inteira

Abala o poeta

Bomba de Hebron

Que perde assim

Sua bela fala

Sua musa doce

Bom bom

E hoje rala

Sua fala

Na escrita

poesia

que desmascara

o ápice da ineficácia



ALGUEM ESPECIAL

Posso voar por toda a cidade

Não sei se por causa da idade

Não sei se por conta da fé

Que de quando em vez invade

Minha cabeça de pé no chão

Pura sorte ser alguém especial

E poder usar os bancos de cor laranja

Deste encouraçado genial

Toda a minha sordidez material

Todo folhetim de aluvião

São cortes profundos na ponta da mão

Nas vias aéreas e em toda malha

arterial

Pura sorte ser alguém especial

E poder usar os bancos de cor laranja

Deste laminado espacial

Sou um poeta a cantar

Que de quando em vez insiste

Em ver o mundo de pernas pro ar

Declarando poemas de dedo em riste

Pura sorte ser alguém especial

E poder usar os bancos de cor laranja

Deste encouraçado genial

E a história me toma como memória

Imaterial incrustada em propaganda

A sobreviver ao vírus do Ipiranga

Pura sorte ser alguém especial

E poder usar os bancos de cor laranja

Deste encouraçado genial



A PANELA E A TAMPA

Ou Quando o Amor Desfeito Não Mais Basta Enquanto Memória Olho Furado Que É...

Toda panela tem sua tampa

Não há pés descalços

Que um chinelo não calce

E para executar um plano

Basta a rampa

Quantas vezes foi

Que olhei pro lado e não vi?

Quantas vezez foi que orei

E não ri?

Nem sexta e nem segunda-feira

São vários olhos pra comer

Só uma folha pra escrever

A vida se esvai se marcar bobeira

Quantas vezes foi

Que olhei pro lado e não vi?

Quantas vezex foi que orei

E não ri?

Dos compassos e descompassos

Dos abraços e olhares de amor

Que são apenas traços do que sobrou

Do sol, da chuva e do calor de flor

Daquela que foi meu torpor

E febre de dias intensos

De pensamentos em laços

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